A reflexão da
semana tem como base a tese de doutorado da professora Bonilla (Tópico –
Tecnologias da informação e da comunicação), que diz respeito ao uso das novas
tecnologias no ensino. Especificamente, os aspectos analisados são: a
virtualidade, a hipertextualidade e a interatividade, utilizando as
características de aplicabilidade destas linguagens tecnológicas, como analogia
no processo de educação.
A partir da
leitura do texto é possível desenvolver uma série de reflexões, sobre a relação
das tecnologias com o processo educacional. E isso é de fundamental importância
na nossa formação, pois a educação perpassa de alguma forma todo o
desenvolvimento dos sujeitos e da conjuntura social de um país. É preciso estar
antenado e compreender as tendências e possibilidades para uma atuação concreta
e eficaz, e as novas tecnologias são um dos recursos de importância singular na
atualidade. Mais uma vez vou ter a liberdade de problematizar a partir dos
meus conhecimentos.
Ainda
vivemos em uma realidade em que a racionalidade que impera, mesmo com todos os
movimentos de transição paradigmática, está sob uma lógica cartesiana (eu mesma
sou um exemplo disso, pois “se penso, logo digito”, já é um ato
mecanizado, pela falta de tempo de elaborar uma escrita mais conspícua). Mas há
movimentos no sentido de construir novos paradigmas educacionais. Complementando
este pensamento, de acordo com Morin (2002), é imperativo afirmar que o
conhecimento que está em renovação favorece uma nova forma de ver o real, sendo
fator de uma revolução que possibilite abrir-se meta-horizontes, já que a
mudança paradigmática atinge mesmo a visão de mundo.
Neste
sentido, já é possível perceber um forte diferencial educacional nos seus
pressupostos e prática. Há uma dinâmica de expansão e mudança da visão
linear, que não admitia outras formas de recursos de ensino que não fossem os
tradicionais – o livro, o caderno, a caneta etc. E esta visão de mundo da
educação tem si alargado ainda mais em vista da aplicação dos dispositivos
tecnológicos no processo de ensino/aprendizagem. Na atualidade a tecnologia já
permeia o ensino, não apenas servindo de aparato para as necessidades
administrativas da escola, mas tendo uma funcionalidade educacional, pela
diversidade de recursos que pode propor para a leitura, a pesquisa, a escrita e
mesmo a linguagem.
Entretanto,
claro que não basta apenas um aparato que não tenha sentido ou funcionalidade
para quem o utiliza, ou, muito menos, que venha tentar subjugar os métodos já
tradicionalmente existentes e eficazes. É preciso que sejam recursos que se
justapõe a todos os outros que fazem parte da dinâmica escolar. Com isso, não é
importante apenas a compra de equipamentos, é preciso que a utilização dos
mesmos conduza a um aprendizado rico em significado e aplicabilidade prática, e se
reflita no campo educacional de maneira positiva.
Para isso é
essencial que sejam feitos alguns questionamentos, como por exemplo: qual a
realidade onde estas tecnologias serão implantadas? Qual o entendimento que se
tem para uso das mesmas? De que forma isto vai ser importante no meio onde
serão utilizadas? Qual o significado que os atores responsáveis pela sua
utilização – educadores e educandos – dão a estes dispositivos?
Com certeza
este são aspectos a serem problematizados, visto que na prática tanto já se fez,
tanto já se investiu, mas seguindo um modelo que não surtiu efeito e, ainda
assim, se insiste no erro de trazer algo pré-moldado, organizado nos altos
palácios da educação, mas sem ter a participação dos mais interessados no
processo. É primordial que se discuta, contextualize, informe e dê sentido ao
uso destes dispositivos. É preciso que os conteúdos, os aplicativos, as
tecnologias e outros aspectos didáticos, possam estar integrados a realidade do
sujeito. Bem como, que seus saberes sejam valorizados e que o
processo educacional seja uma relação de mão dupla, co-construindo um
conhecimento.
Mas ao invés de se buscar esta contextualização, o
que por vez se vislumbra é uma relação fragilizada entre o profissional e os
recursos colocados em sala de aula, pelo pouco entendimento da importância dos
mesmos ou pela falta de formação para uma utilização adequada no contexto da educação. Em
contrapartida, ocorre uma relação limítrofe entre estes profissionais e os seus
educandos – que fazem parte de uma geração hi-tech,
e tem uma relação de muito mais proximidade com o uso das novas tecnologias em
sala.
Em face disto é
que entra em relação o texto analisado. É interessante como estas
terminologias, que a primeira vista podem não despertar tanto interesse
educacional, conseguiu fazer sentido para esta prática, introduzindo de maneira
interessante a tecnologia no campo simbólico (espaço de geração de sentido). A virtualidade -
que traz a perspectiva de existência, de estar presente ainda que não
materialmente, isto propicia não estar preso a um espaço e pode se refletir na
dinâmica educacional, abrindo vertentes para o uso da criatividade, da
capacidade de articulação, da disponibilização do tempo. A hipertextualidade
- reporta a ideia de expansão de limites e dimensões, a possibilidade de ter uma
relação dialógica e participativa, e não apenas passiva, tanto no uso da
tecnologia quanto na educação. A interatividade - ressalta essa capacidade de intervir,
de se implicar, de estabelecer relações e interações que vão para além de um
espaço e tempo determinado, ressaltando a amplitude de comunicação que isso
possibilita. Enfim, o aprendizado, a informação, as nomenclaturas tornam-se
contextualizada – intra e intersubjetivamente. Percebe-se todas as
implicações, interações e possibilidades inerentes a aquisição de novos
conhecimentos a partir da linguagem cibernética.
Como só se pode dar significado àquilo que
se conhece, esta tese é um conteúdo fundamental para profissionais da
educação que desejam conhecer sobre a importância das tecnologias nesta
prática, para então reconhecer quais as melhores formas de aplicá-las de
maneira factual. E este aprendizado rico em significado e aplicabilidade
prática se reflita no campo educacional, e desta forma reverbere no aspecto
social e político, trazendo novas perspectivas de bem-estar e satisfação com o
ensino, aspectos fundamentais, mas que tanto vem sendo esquecido.
Creio que
hoje o tema foi visto com mais parcimônia, mas haverá outras oportunidades para
instigar discussões mais vultosas. O importante é que as questões educacionais
estão sendo problematizadas. Com carinho, Cássia.
Coloco uma
opção de pesquisa para complementar este conteúdo.
- O link
para a tese da professora Dra. Maria Helena Bonilla.
Escola Aprendente: desafios e possibilidades postos no contexto da Sociedade do Conhecimento.
É impossível se sentir perdido