domingo, 15 de dezembro de 2013

Tecnologia Assistiva na educação

O mundo vive um período de evolução tecnológica impar, há as mais diversas possibilidades de utilização dos recursos tecnológicos e em campos variados. Na saúde é possível deparar-se com os avanços dos aparelhos tecnológicos para diagnóstico, exames e cirurgias, a engenheira utiliza os mais sofisticados recursos computacionais para construção e infraestrutura, a indústria de base tornou-se quase toda automatiza e até o ramo agrícola está integrado com as tecnologias para produção de alimento.

A educação, um campo que permeia todas as outras áreas do saber, está também se adequando a este novo patamar da era digital. A utilização destes recursos faz parte tanto do aprendizado dos alunos, quanto da formação e atuação dos professores. Contudo, diferente de outras áreas, onde a tecnologia se integrou definitivamente na prática profissional, na educação há diversidade de perspectiva. Isso de acordo com a região, o tipo de formação profissional, os recursos das instituições, a ação ou concretização das políticas públicas.

Entretanto, há uma área do conhecimento que tem tornado a adesão ao mundo digital mais presente e necessário na educação, a tecnologia assistiva. Este campo tem como objetivo promover a acessibilidade, a partir do desenvolvimento ou da adequação de recursos, objetos ou estratégias que favoreçam a autonomia formativa e educacional de pessoas que apresentam alguma necessidade especial.

Claro que a tecnologia assistiva não está ligada apenas a educação, esta atua para inclusão plena da pessoa com necessidade especial no aspecto educacional, laborativo, social, no esporte, e onde mais se faça necessário a implementação de soluções de adaptabilidade. Mas, especificamente na educação, está se torna mais imprescindível, afinal é neste campo que se desenvolverá conhecimentos, habilidades e competências essenciais para todas as áreas da vida destas pessoas.

Também a tecnologia assistiva não diz respeito apenas ao uso das TIC’s (tecnologia da informação e comunicação). Pelo contrário, recursos simples como a adequação de uso de lápis ou caneta, usando material como epóxi ou fita adesiva, para facilitar o pegar e pressão, ou uma prancheta para fixar o papel para leitura, e muitas outras possibilidades adaptativas que vise a funcionalidade do uso do material didático, são considerados tecnologia assistiva.

Contudo, no campo digital e no uso das TIC’s é onde tem havido um significativo desenvolvimento de recursos e estratégias para objetivar a independência nos estudos, bem como para uma formação profissional de qualidade, que habilite estes sujeitos para o mercado de trabalho e uma melhor qualidade de vida em sentido pleno.

Estes recursos tronam-se possíveis a partir das adaptações de hardware e software para tornar a máquina e os programas adequados às limitações e necessidades educacionais apresentadas, e que dê condições para a plena inclusão. Entre os produtos e serviços destaca-se leitores de texto, aparelhos para controlar remotamente o ambiente, colocação de legenda, dentre outros.

Com esta instrumentalização da máquina e dos programas torna mais viável o uso do computador, como das tecnologias móveis, para o processo de ensino-aprendizagem, facilitando a comunicação, o acesso a material de estudo, a execução de atividades didáticas, a atividade em rede e construções colaborativas.

Sem dúvida é um grande espectro de possibilidades e que a cada dia se amplia, no sentido de tornar o processo de inclusão, mais que um discurso politicamente correto, mas uma prática efetiva, que deixa sua marcar e dá frutos de independência e efetiva qualidade de aprendizagem e formação.

Com isso, tem, sem dúvida, um papel importante no sentido de diminuir as diferenças e desigualdades sofridas pelas pessoas com necessidades especiais, colaborando não só na educação, mas também para quebrar as barreiras das limitações e do preconceito ao disponibilizar oportunidades de acesso.

Este é um tema bem instigante e que merece ser melhor conhecido e explorado, para tanto está disponibilizado abaixo dois artigos importantes para o entendimento da temática. Bem como, ao lado no início do blog encontra-se o link para acesso ao site do Prof. Dr. Teófilo Galvão Filho um dos mais renomados teóricos da área de tecnologia assistiva, e que também atua de maneira ativa e engajada nesta área. Neste site é possível encontrar artigos, livros, notícias relacionadas a educação inclusiva e tecnologia assistiva. Vale a pena consultar! Com carinho, Cássia.
                                                                               



Acredito que será muito mais fácil ocorrer
a inclusão, quando se descobrir que é possível se relacionar com igualdade e respeito em meio as diferenças e diversidades. Cássia.






Referências para consulta no comentário 1.

 


domingo, 8 de dezembro de 2013

Documentário Filhos de João – cultura e informação através da sétima arte

Filhos de João: O admirável mundo novo baiano, de Henrique Dantas (2009).
O post desta semana tem esse tema para discussão. 

A Bahia é um celeiro cultural, há ícones da literatura, da dança, do teatro e, em especial, da música. Dando destaque a este campo musical, o filme (Filhos de João) vem apresentar o histórico dos Novos Baianos, grupo musical que esteve em atividade de 1969 até 1979, composto por: Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca, Moraes Moreira, Tom Zé, Luis Galvão, Dadi, Baxinho.  

O filme mostra como as relações de amizade e o grande talento musical associado, podem modificar a vida de um grupo, que deu ascendência não apenas a transformação no mundo da música, mas na cultura em geral, bem como na política. Um encontro que transforma as histórias pessoais destes amigos, que trazia a música na mente, no coração e no dia-a-dia, e que de tão presente vence as barreiras em busca de um ideal utópico. Assim, esta geração não apenas encantava com a música de qualidade, mas com uma postura contestadora, diante de uma realidade ditatorial vivenciada na época (década de 1970).

Com certeza amavam os Beatles e os Rolling Stones, e puderam com a sua música tanto protestar quanto aliviar as tensões dos corações angustiados pelas pressões da falta de liberdade e direitos da ditadura militar.

É interessante que estes revolucionários culturais não apenas trabalhavam juntos, como grupo musical, mas partilhavam uma vida comunitária, vivendo de maneira desprendida o ideal de partilha e fraternidade, influenciados pela cultura hippie de liberdade, paz e amor.
 

Tinham como hobby o jogo de futebol, e até cogitaram deixar a música pelo esporte. Ainda bem que não o fizeram, pois com a imensa criatividade e talento que apresentava (e apresentam, já que muitos deles ainda estão atuantes na música), faria muita falta ao cenário cultural artístico brasileiro.

A película é um documentário que articula imagens, vídeos, músicas e depoimentos, muitos deles emocionados. E apresenta com riqueza de detalhes esta trajetória que foi significante e deixou uma marca, relembrada por gerações ao longo dos tempos.

Essa prática de fazer documentários (ou filmes de baixo custo) é algo a ser incentivado e valorizado, já que o cinema dissemina a cultura, ajuda as pessoas a reconhecerem sua história, entender a sua constituição identitária.

No Brasil o cinema tem se desenvolvido e ampliado, tendo um número significativo de salas, mas, como sempre, ainda não é acessível às classes menos favorecidas. Bem como, boa parte do que é apresentado vem do exterior, o que não ajuda na identificação e valorização da cultura nacional. O cinema nacional tem tido mais e melhores produções, mas ainda algo ínfimo em comparação a indústrias de cinema internacionais. 

Na Argentina se comemora a ampliação do acesso ao cinema, mas, no entanto, quase toda a arrecadação (cerca de ¾ dela) vai para empresas norte-americanas, retificando também neste país o monopólio internacional nesta área. 

Na atualidade, o ideal da indústria cinematográfica é a plenificação do uso de películas digitais. Isso vai trazer mais qualidade na exibição, entretanto é um mais um problema, pela dificuldade de adequação dos pequenos cinemas a nova tecnologia. Com isso, mais uma vez firma-se no mercado os grandes conglomerados da sétima arte.

Por isso é tão importante ver produções nacionais, que mesmo com as dificuldades de recursos financeiros, conseguem dar um recado tão importante, regatando a história e a cultura musical, dando a oportunidade à geração contemporânea digitalizada, reconhecer e compreender como todo esse cenário nacional da música, constituiu a sua narrativa e ação ao longo das últimas 4 décadas.

Neste sentido, muito merecidamente o documentário Filhos de João ganhou o prêmio do Festival de Cinema de Brasília (2009). Com carinho, Cássia.

 




Sempre que vemos um por do sol
não significa simplesmente que o dia acabou,
mas que um novo dia está iniciando,
com as suas infinitas possibilidades
de novas realizações. Cássia.





Link para o documentário completo (76 min).
http://www.youtube.com/watch?v=d57VtNeR9W8.

Dois links para pesquisa sobre expansão e digitalização dos cinemas.
http://culturadigital.br/cinemasemrede/2013/05/27/digitalizacao-das-salas-de-cinema-preocupa-argentina/.
http://culturadigital.br/cinemasemrede/2013/06/08/digitalizacao-ameaca-pequenos-cinemas-nos-eua/.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Carta para o outro lado de mim

Cara amiga,

Agradeço a confiança em partilhar comigo os seus sentimentos a respeito da sua escolha profissional, espero que possa colaborar não dizendo a você o que fazer, mas percorrendo com você um caminho que sirva de pontos de reflexão, para que você possa se perceber no seu processo e ter mais convicção na hora de tomar as suas decisões.

Desta forma, repassando todo o processo de formação profissional, pelo qual deve trilhar um psicólogo em formação, e pelo fato de que esse processo eu já pude vivenciar, é que considero ser possível chegar a questionamentos e também a algumas reflexões, que poderão colaborar na sua formação e no seu futuro exercício profissional. Isso, especialmente, depois de ter sido tocada pela possibilidade de deparar-me com os meus próprios conflitos que muitas matérias demandam, ou mesmo com as perspectivas mobilizadoras de alguns autores, como Calligaris, Freud e Lacan, que precisam ser compreendidas para serem questionadas ou assimiladas.

Neste sentido, posso começar a dissertar sobre este aspecto – como um curso de psicologia mobiliza o sujeito que está em formação. A cada momento é possível deparar-se com diversos conteúdos, principalmente nas matérias que tratam das abordagens, onde irá confrontar-se com as suas “neuras”, já que somos neuróticos (numa perspectiva psicanalítica) ou operamos na “normose”, se preferir. É difícil não ver estampado no espelho da nossa consciência tantas características pessoais, ainda que falando dos temas e citando exemplos de maneira generalista.

Nas matérias que fazem técnicas grupais esse aspecto é interessante, já que nos momentos de partilha muita coisa começa a emergir, aflorando às vezes até a nossa sensibilidade (na minha turma tivemos ótimas experiências neste sentido). Em algumas matérias essa confrontação é tão forte, que é preciso parar um momento para “discutir a relação” entre o grupo, o que mobiliza muito, mas também enriquece por demais a formação e o caráter do formando.

Quando paro para refletir sobre estes aspectos, chego a uma série de questionamentos. Se na formação já há tanta mobilização, como será quando deparar-se com os conflitos dos sujeitos com os quais irá atuar? Isso é algo que te aconselho a elaborar bem. Pensar que os sujeitos com os quais irá trabalhar vão depositar uma esperança de conseguir compreender os seus conflitos, elaborar as suas angústias, descobrir sua vocação etc. Mesmo que isso seja algo co-construído no processo (psicólogo/sujeito), ainda assim temos uma responsabilidade e é na formação que a consciência disto deve ser desenvolvida, e para isso deve ser despertada a sua atenção.

A partir destes aspectos que falei é possível faze um “link” com outro fator essencial na formação do psicólogo, o trabalho pessoal. Durante a minha formação fazia análise, para me situar em todo esse processo e favorecer a minha “estruturação” para uma futura atuação em saúde mental. Assim, desejo deixar-lhe ciente que é fundamental uma psicoterapia (na abordagem que mais se sentir estimulada). Isso é essencial para atuar na clínica, mas não somente nesta, pois em psicologia nós nos defrontamos com os questionamentos e conflitos do sujeito, independente da área de atuação escolhida. Nas organizações, nas escolas, nos hospitais, onde for, se lá está o sujeito, também estará com ele todos as suas angústias, frustrações, desejos, e nada como um profissional de psicologia para escutá-lo e acolhe-lo

E para desenvolver todas estas habilidades e competências implicadas na escuta clínica, no olhar diferenciado, e também obter um domínio técnico e um conhecimento teórico que possam fundamentar a prática, digo para você que é imprescindível o período da formação acadêmica. A experiência prática vai dar a consistência a essa atuação, mas é a teoria que a norteia. Por isso o outro ponto de reflexão que destaco é o compromisso com a formação. Não deixe que esse período se torne apenas um momento cansativo que deve logo passar. Aproveite cada matéria, participe das discussões, procure aprofundar as temáticas abordadas. Mesmo porque, conhecimento nunca é demais e sempre é uma forma de enriquecimento intelectual. Problematize a sua formação e não passe todo o período acadêmico, que é tão enriquecedor, “empurrando com a barriga” para conseguir um canudo e dar adeus aos estudos. Em especial na psicologia, que quando termina a academia a formação está apenas começando, e enquanto tiver vida a aprendizagem estará presente.

Também é indispensável o gosto pela leitura, especialmente dos principais autores da psicologia e aqueles mais direcionados a uma abordagem que mais venha a despertar o seu interesse e realmente fundamentar a sua atuação. Ressalto que são leituras que implicam em um gozo particular, pois tem muita coisa interessante e instigante, mas também um sofrimento, por ser contraditório a algumas convenções que já temos ou pela dificuldade de compreensão. Mas vale a pena o esforço, pois é muito enriquecedor.

Mas para que você possa se disponibilizar tanto em um processo de formação é preciso que saiba o que quer e goste daquilo que escolheu. Por isso ressalto a importância de você pensar bem na sua escolha profissional. Quais os fatores de motivação? Quais os desejos e o que você quer alcançar? Acredito que você deve ponderar bastante nestes aspectos, especialmente sobre a questão da vocação para uma atuação que predispõe uma implicação subjetiva tão profunda. Isso em um período de escolha em que tantos fatores se sobrepõem, como desejo de lucratividade, de status profissional ou mesmo pressão social por um diploma. Lembre-se sempre que esta escolha é sua, pois na atuação será você e o sujeito, e se você não se implica na sua escolha e na sua formação, será uma tarefa mais árdua e difícil se implicar com a prática. É preciso que esteja atenta a todos estes aspectos, e que sempre visualize a prática durante a sua formação.

Também considero importante que você tenha critérios básicos, que norteiem a sua postura após a sua escolha. Neste sentido acredito que alguns aspectos serão fundamentais para direcionar melhor, tanto o período de formação como a prática, como o compromisso com a ética, que para mim é um fator preponderante, que deve estar presente desde o início do seu processo de formação, fazendo refletir sobre a futura postura profissional. Segundo a questão de uma alterização do olhar. Uma supervisão é sempre importante, principalmente se encontrar alguém que possa dar essa visão sobre a futura área de atuação que deseja e para a escolha da abordagem que você mais vai se identificar. Ressalto que para mim, mais uma vez independente da área de atuação, uma abordagem teórica irá enriquecer muito a forma de visualizar os fenômenos com os quais irá deparar-se.
 
Por fim, para não me alongar por demais, acredito que o mais importante é você se implicar no seu processo desde o início da formação e consolidar isso na atuação. Se perceba como sujeito nesse processo, refletindo sobre os seus conflitos, especialmente aqueles que mais afloram, ponderando as suas dúvidas, trabalhando os seus sintomas, pois isso todos temos. Busque aprofundamento através de muita leitura e pesquisa, já que só o conhecimento dado em sala não favorece um melhor entendimento das demandas com as quais irá confrontar-se, tanto na formação quanto na atuação. Considere os seus desejos e o que espera da formação e da profissão, para não se decepcionar no primeiro obstáculo, pois quando se sabe o que se quer é muito mais fácil lutar e vencer as barreiras para alcançar os objetivos almejados.

Colocando todos estes pontos não pense que tenho como pretensão desestimula-la, pelo contrário, apenas desejo que você atentando para estes aspectos, possa despertar para uma conscientização e uma melhor postura acadêmica e profissional. Tudo que coloquei são pontos que trabalhados só servem para enriquecer a formação do futuro profissional de psicologia, para o qual a prática vai muito mais além de um simples conhecimento teórico ou técnico, perpassa por toda a sua subjetividade.

Vale ressaltar por que decidi escrever uma carta denominada para este “outro lado de mim”, pelo fato de que aprendi em psicanálise que aquilo que mais nos mobiliza é porque tem conteúdos próprios, muitos deles inconscientes, recalcados de tal forma que por vezes nem sequer admitimos que eles existam, outras vezes há características tão estampadas que inegavelmente dizemos venha, isso é meu! Mas sejam implícitos ou explícitos eles podem mobilizar (e já há até um trocadilho para expressar isso – “bateu, mexeu, leva pra casa que é seu”) e tornarem-se presentes no discurso. Então é hora de deixar a ficha cair e elaborar, ciente que tem coelho na cartola! Por isso escrevi assim com ares de auto-reflexão, pois estes pontos são alguns dos quais considero fundamental numa formação e que aconselharia a alguém, e assim com certeza preciso eu mesma estar em dias com eles. Porém, refletindo sobre todos estes aspectos e percebendo como me posiciono em relação a eles e como tenho lutado para melhorar em muitos, é que dá pra parar e pensar, que apesar das dificuldades, é possível exclamar - vamos lá seguir em frente, pois está valendo a pena!

Com carinho, Cássia.


Quando se sabe o que se quer
é muito mais fácil lutar e vencer as barreiras,
para alcançar os objetivos almejados. Cássia.


Carta feita ao final da minha formação em psicologia.

domingo, 24 de novembro de 2013

Sétimo sentido: A relação pervasiva homem x máquina.

Vive-se na era da conexão, novos padrões estão em evidência. O computador deixa de ser uma máquina de acesso local, limitada pelo tempo e espaço, e passa a fazer parte de toda realidade social. Onde quer que se esteja - nas ruas, praças, bares e até mesmo na Igreja, as pessoas estão sempre plugadas, conectadas, recebendo e enviando informação on-line e em ritmo alucinante.

A computação ubíqua libertou o computador das amarras dos fios e os homens dos espaços pré-determinados. Assim, modificou a relação homem x tempo x espaço. Atualmente, em qualquer lugar é possível estar em rede, mantendo um contato permanente, nunca antes imaginado, e em tempo real, com os outros, com o mundo.

Mas não é apenas isso, o potencial de mobilidade da comunicação ampliou as formas de conexão e mesmo a relação homem x máquina. Com as novas tecnologias digitais é possível vivenciar uma prática hibrida entre homem e máquina. Com esta computação pervasiva (que se infiltra, penetra, difunde) a tecnologia comunicacional móvel passa a fazer parte de modo inexorável da vida humana, prologando a sua relação imaterial com o mundo e os seus sentidos, tornando-se quase um sétimo sentido.

É praticamente impossível para algumas pessoas hoje em dia, saírem sem os seus celulares-teletudo (neste caso, em especial, o smartfone), com os quais é possível, além de falar (hoje em dia uma das formas que tem perdido espaço na utilização, enquanto cresce cada vez mais o uso de mensagens), enviar mensagens, ver as notícias, fazer atividades econômicas e de trabalho, dentre tantas outras possibilidades.

As próprias nomenclaturas ressaltam esse aspecto. Smart – denotando a inteligência que hoje apresenta um simples aparelho. Ou a tecnologia senciente (que tem capacidade de sentir) que está adentrando a vida, o corpo, a mente humana e formando uma nova sociedade, que não apenas utiliza as novas tecnologias nas suas comunicações, mas que as tem como algo que invade o seu desejo e tornam-se o principal ponto de relação do homem com o mundo.


E a perspectiva para o futuro é que se chegue a uma amplitude de pervasividade e senciência, na qual não haverá mais a diferenciação homem x máquina. A tecnologia estará de fato introjetada no corpo humano na forma de sensores de leitura (com o uso da tecnologia RFID, por exemplo), ou chips. Isso que parecia um sonho futurista já é realidade, acredito que para além das criações de ficção das mentes mais criativas do cinema americano.

A realidade e narrativa transmidiática (que cria, usa ou relaciona várias tecnologias digitais para uma ação ou construção) presente em Matrix, está tomando aos poucos uma forma, reportando para uma convergência não apenas discursiva, mas pervasiva, na qual se adentra a realidade para conhece-la, transporta-la, bem como modifica-la e, por fim, introjeta-la.
 
No momento ainda muitos destes aspectos são arquétipos, construções ainda não concretizadas, mas que estão no imaginário e que para materializar-se basta dar vasão as potencialidades já encaminhadas. O que não falta na humanidade é habilidade para tanto. Onde chegaremos com isso? Estamos preparados para tanta transformação? O tempo dirá!!! Com carinho, Cássia.





Acredito que só faz sentido tornar um sonho possível,
se tiver a certeza que este não irá se tornar um pesadelo quando for materializado.
Temos muito potencial de ação para realizar os nossos sonhos,
precisamos de conscientização na concretização dos mesmos.
Cássia.





quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Psique e simulação?! Isso ainda não.

Refletindo sobre nossa discussão no seminário fiz um apanhado geral de conteúdos para serem analisados e decide compartilhar, afinal nossa forma de conhecimento é em rede.

O computador simula o cérebro humano, mas a psique ninguém consegue simular (nem mesmo a teoria de Lacan). Neurologicamente é possível fazer o mapeamento do cérebro e suas funções, e, de acordo com a teoria da simulação, criar por computação um modelo (tem vários na NET) desse aparato orgânico tão complexo e instigante. Modelar as suas partes constituintes e imitar suas funções orgânicas (sinapses/neurotransmissão) tão bem organizadas e desenvolvidas. O próprio computador parte de uma metáfora do cérebro e já tem computador tentando simular o funcionamento das funções superiores cerebrais (http://http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-arquivadas/27707-nasce-o-simulador-do-cerebro-humano).
Mas quanto a psique? Esta não, essa área ainda está para além de qualquer simulação ou modelo estabelecido. Está no campo da abstração, só pode ser acercada teoricamente, nunca apreendida.

Para entender melhor resolvi fazer uma metáfora bem grosseira, mas para ajudar a criar uma representação. O cérebro seria como uma casa grande (muitoooo grande!), com um número extremado de cômodos, cheia de móveis, instalação de água e uma rede elétrica gigantesca. Isto para hipoteticamente representar os neurônios (mais de 80 bilhões), as sinapses (mais de 10.000 conexões delas, para cada um dos mais de 80 bilhões de neurôniozinhos, uau!), axônios (fibras nervosas que conduzem informação) com suas paredinhas todas revestidas de mielina e  o líquor (LFC) circulando nas encanações. Teriam muitas outras partes esta morada, que representariam o tálamo, hipotálamo, cerebelo, adeno-hipófise, os lobos ... etc, etc, etc. Enfim essa morada imensa seria toda caída de massa branca e massa cinzenta, com um teto bem resistente forrado pelo crânio. Toda essa estrutura imensamente extraordinária e encantadora responsável por nossas funções orgânicas e até comportamentais. Achou isso grande? Ficou impressionado? Ainda não viu nada!
Vamos agora fazer a metáfora da psique (mente). Para isso vamos abrir a porta desta morada e sair. Na rua? Não. No bairro? Ainda não. Na cidade, talvez? É pouco. Aha, no país? Também não. A psique é como abrir esta porta e sair em um universo, e ainda em expansão.

O cérebro pode ser mapeado, sofrer intervenção cirúrgica, ser dissecado, mas com nenhum desses procedimentos pode se chegar a mente (psique) humana. Não é mesurável, não pode ser simulado, é pura abstração, é o campo do inaudito e todos os seus possíveis sinônimos. Tudo que se tem sobre esta condição humana são teorizações, muitas delas por sinal.

Mas este universo tem as suas galáxias, os seus planetas. Assim em uma próxima escrita talvez venha a continuar esta metáfora e falar das faculdades psíquicas, como consciência (esta em parte mensurável, com graus até de inconsciência no caso do “coma”), representação (o nosso simulador mental), juízo, afeto, mais..... muito mais!
Por isso que a psicologia, ciência que estuda este campo humano (psique), é tão complexa e tão desafiadora. Assim, desde de que comecei a estudar desenvolvi um pensamento que me acompanha até hoje, “para ser um grande psicólogo é necessário antes de tudo ser muito humilde” (Cássia).

Lembro-me do meu primeiro e segundo semestre, como este curso mobilizava, pois trabalhava-se o tempo todo com ambiguidades, já que são muitas as teorias para explicar o nosso objeto, e algumas tão contraditórias entre si.

De cara teoriza-se sobre inatismo e empirismo, quem está com a razão? Os dois. Por isso quando o professora trouxe em sala que tudo é aprendido, não se tem o “dom”, ela está certa. Mas, por outro lado, a concepção de Ronald (que temos “dom” – na verdade alguns conteúdos presentes "in nato" e que direcionaria certas habilidades depois) estaria certa também. Tudo depende do lugar do qual se fala. Pense, não parece loucura? Mas é com essas elucubrações que aprendemos a estudar a loucura.

Vamos para outro aspecto, as questões mais comportamentais. Agora trago o questionamento do Ronald sobre os games. Na faculdade outra ambuiguidade que me deparei foi que para uma teoria haverá uma regra básica – estímulo, resposta, consequência. Já para outras um estímulo (singular) leva a repostas (possibilidades) e consequências (possíveis). Respostas e consequências que sofrerão a ação de uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos. Por isso quando o Ronald dizia que isso poderia não fazer bem, concordo (ainda mais que ele deixou na probabilidade, já para algumas teorias será determinista mesmo). Mas, ao mesmo tempo, discordo, pois por outro lado as variantes terão influência nesse processo, então, não será determinante. Depende de que campo deste saber estamos falando.

Com relação a memorização a professora falou que se memoriza pela repetição, certíssima, se olhando por um lado teórico. Por outro campo não é bem assim, porque tem questões intrínsecas e extrínsecas também associadas, vai ter relação com o significado e a emoção, etc. Desta forma uma repetição pode levar a memorização como a um branco total. Claro que tem treinamentos para memorização de textos (eu mesma já usei estas técnicas, mas são questionáveis). Mas no campo do estudo em geral técnicas mnemônicas de associação e relação são bem úteis, aplicáveis e duradouras. Além da memória eidética, ou memória visual, que em alguns casos pode haver memorização instantânea e até simultânea de conteúdos diferentes.

Fala-se muito hoje em dia sobre inteligência emocional, e a teoria sobre isso até caiu no gosto popular, mas para algumas vertentes isso não tem a devida lógica (tem sido rebatida, ainda que tenha sua aplicabilidade), porque o ser humano é por si emocional. A emoção é uma das suas faculdades psíquicas e não há como dicotomizar a inteligência – parte emocional e parte não. Assim, não se desenvolve uma inteligência emocional, ela já é assim. Ansiedade, desejo, medo, sono, cansaço, fome, outros fatores, são questões associadas que levará a variantes na sua aplicação e são aspectos a serem trabalhados.

A ambuiguidades estava até na percepção (ou em alguns testes apercepção) dos testes psicológicos projetivos. Apresenta-se uma prancha do Rorschach, um percebe um morcego o outro um dragão (hipoteticamente!!!), quem está com a razão? Os dois. Tudo vai depender da projeção e da interpretação, ufa!

Enfim, é complicado ter tantas possibilidades de entendimento e perceber que foi possível construir teorias tão bem elaboradas sobre esses conceitos. Só quem se dedica a estudar estes aspectos e tem um entendimento aberto pode se encantar com o diferente e compreender melhor. Penso assim. Desta forma, ainda que tendo uma abordagem não excluo o entendimento das outras.
Mas para chegar a isso sofri um pouco. Lembro-me da aflição de quando entendia a teoria, mas em comparação com outras não conseguia aceitar tanta coisa contraditória (aqui trouxe apenas alguns exemplos). Então, ainda cheia de mim (algum tempo depois) fui conversar com uma professora psicanalista e disse que me formaria e faria parte do CFP, só para começar um processo de “conscientização” (oh, coitada!) para diminuir as abordagens e tonar a psicologia mais compreensível e direcionada (para mim naquela época Freud ainda explicava tudo!). Então ela me disse que achava que ainda eram poucas as que tinham, pela complexidade que é o psiquismo humano. Depois desta resposta percebi que quanto mais aberta ao entendimento eu estivesse, mais enriquecimento teria para minha futura ação, ainda que tivesse uma abordagem que seria a norteadora da minha prática.

Mas antes disso me questionava, o que que eu estou fazendo aqui? Treinando ratinhos? (ops. ratinhos não, sujeito experimental. Tem nome científico!). Um dia aprendo isso, noutro aquilo, um dia dizem que é assim, no outro dizem que é assado. Além disso, os dois estão certos! Não tem como! Alguém tem que estar errado! Era a minha visão cartesiana, disciplinar e linear que falava. Então, o grande lance é pensar sistêmico, holístico, em rede e em espiral. Enfim, cada um tem sua teorização psicológica. Não é matemática, não é ciência exata, é humanas, mais que isso, é subjetiva. Tem que sublimar (respirar ajuda!) e partir para outra (no caso abordagem).

O mesmo entendo agora na educação, é difícil pensar sistêmico, em rede, interativamente, se categoriza e limita-se as possibilidades (aprendizado só empírico, memorização só assim). Se não existe apenas uma possibilidade, porque não permitir dialogar com o diferente? Interagir conhecimentos ainda que aparentemente contraditórios? Não é possível limitar um aparato psíquico com uma capacidade ilimitada de possiblidades, demos estas possibilidades a ele! Gosto da física quântica por isso, ela trabalha a meu ver com essa universalidade do possível.

Não se pode dizer que antes não era possível um aprendizado como agora, pelos recursos tecnológicos oferecidos ao ensino hoje. Vejam as teorias milenares Platônica, Socrática, Aristotélica, Agostiniana, dentre outros, que são pilares do ensino ainda hoje, e pensem quantos dos nossos pensadores atuais, com os infindáveis recursos e dispositivos, conseguirão criar teorias que perdurem por milênios? E a riqueza centenária da inventividade de Da Vinci, Galileu, Descartes, Einstein, dentre tantos outros, que não tiveram um terço (tô pensado grande!) dos recursos atuais, e, no entanto, criaram a base teórica para todo o boom inventivo tecnológico da atualidade. Isso sem falar de Hegel, Marx etc, etc. Mais longe vamos se pensarmos no desenvolvimento inventivo e produtivo dos Maias e Incas. Sem os recursos tecnológicos atuais, mas conseguindo utilizar com precisão os recursos então oferecidos, construíram um aparato arquitetônico que encanta arqueólogos e engenheiros computadorizados (e não só eles!) até hoje.

Isso porque nós temos uma “máquina mental” - muito mais potente, que nem mesmos os futuros computadores quânticos poderão se igualar, afinal esses supercomputadores serão fruto da capacidade inventiva, indutiva, dedutiva, inteligível da mente humana. Esta tem recursos mnemônicos, representativos, oníricos, imagéticos, entre tantos outros, e sempre encontra formas de entendimento e aprendizado, seja percebendo uma simulação computacional, seja representando uma imagem simulada na sua mente. Cada tempo, cada espaço teve e terá suas dimensões quantitativas e riquezas qualitativas, ontem, hoje e no futuro.

Gente sou tão encantada por essa área que se der corda ao “meu computadorzinho pessoal mental” ele consegue pensar tanto, tão rápido, fazer tantas elucubrações, que iria escrever de tal forma que o meu mísero blog iria longe. Por isso, vou dar um tempo em outra oportunidade poderemos trazer outros aspectos para discutir.
Desculpe se encontrarem alguns erros na escrita, é que minhas postagens são assim: pensei, digitei, bloguei. Depois lerei e verei o quanto errei. Ou não! Talvez! Enfim! Beijos e fico por aqui. Abraços, Cássia.

Exemplo de discordância filosófica dialogada.
       
         Parmênides:
         Tudo é constante, não há mudança
           
 
                                                                        Heráclito: Tudo flui e nada permanece.

domingo, 17 de novembro de 2013

Exposição e consumo, dois pilares da era digital

Depois de ter que ler tanto, pesquisar bastante, tenho me dado conta de quanta coisa ruim e desnecessária está sendo colocado no mercado internáutico. Ao ler o texto “O Show do eu” (referência nos comentários), fique feliz em perceber que não apenas eu penso assim. Neste texto a autora trata do despontar da exaltação do eu na mídia, que, mesmo revelando uma criatividade intrínseca, tem incentivado a excentricidade e revelado mediocridade.

Cada vezes mais as pessoas comuns estão expondo suas vidas, seus hábitos, seus desejos pela Internet. Blogs, chats, Twitter, FaceBook, MySpace ... etc., mil e uma possibilidades de sair do anonimato e experienciar os seus minutos de fama. Sem embargo, cada um tem o direito de escolha de como vivenciar a sua privacidade. Talvez estejamos na era da privacidade pública, o que seria uma publivacidade (Cássia, 2013).

Esta nova oportunidade de utilização dos meios midiáticos das redes digitais, tem demonstrado também a capacidade criativa e inovadora das pessoas, na construção de conhecimento em rede. Uma verdadeira inteligência coletiva. Tudo isso alicerçado pela expansão tecnológica e a capacidade virtual, hipertextual e, principalmente, interativa da WEB 2.0. Todavia, até isto, que poderia ser uma vertente positiva, tem sido transformado pelo capitalismo em mercadoria de consumo, em necessidade social, em espaços de massificação dos desejos.

De acordo com o texto “três novos blogs são abertos a cada dois segundos” (SIBILIA, 2008, p. 08) (Se assim o era em 2008!!! Pense isso em cifras atuais.), muitos deles expondo em escala global questões íntimas. Há também a apresentação de vídeos pessoais via You Tube ou uma colocação maciça de fotos no Face. Com esta expansão da utilização das redes sociais, o mercado percebeu uma nova vertente de lucro e passou a incentivar estas práticas, bem como, tornou estes espaços áreas de publicidade massificada, potencializando o lado consumidor que cada um apresenta com riqueza de detalhes em seus perfis.

É interessante como o mundo capitalista consegue consumir e tornar consumível tudo o que toca, criando sempre novas necessidades para alicerçar o lucro. Estes espaços midiáticos sociais tornaram-se, então, oportunidade para se oferecer de tudo: do sapato a vestimenta, do emprego ao casamento. Quanto mais ínfimo e dispensável o conteúdo, mais variada e abundante é a  oferta de marketing associada.

Reflito sobre essa geração de pensamento digital, blogueira e exposta nas redes, o que tem sido oferecido de qualidade, de conteúdo educativo e o que eles tem a oferece na mesma monta. É impossível ficar apenas entre os miguxos, vc, kkkk, tb, as fotos e os fatos sem nexo. É preciso algo mais nas redes sociais, aspectos educativos, políticos, sociais, coerentes com uma realidade que vai para além de uma imagem midiática.

É chegado o momento de lançar na rede uma profecia auto-realizadora, de que ela pode se tornar uma realidade pautada em um contexto virtual, mas que educa para uma realidade concreta, e assim se torne mais um instrumento que viabiliza uma nova forma de pensar o mundo. Um espaço de construção de conhecimento que pode ser aplicável, modificar a realidade, e não apenas uma possiblidade de gasto de tempo, exposição social e consumo irrefletido.

Creio que a educação terá uma parcela importante nesse processo. Isso por ver a educação não apenas como um momento limitado de ensino-aprendizagem, mas percebê-la como uma possibilidade impar de adquirir conhecimento, dar significado ao real e ser instrumento de transformação social. Com carinho, Cássia.


 
 
 
 
Mesmo em uma realidade que parece
não ter norteadores,
espero que não perca a certeza
de que as coisas podem
ser transformadas,
e o horizonte almejado pode ser alcançado.
Cássia.






Referência no comentário 1.
 

domingo, 10 de novembro de 2013

WEB 2.0 e EaD: Potencial educativo em ação

Amigos é preciso ao iniciar a nossa discussão ressaltar que a educação é um desafio, pois não basta conhecer determinado assunto ou simplesmente falar sobre ele, é preciso o domínio de técnicas, para favorecer o processo de ensino-aprendizagem, de acordo com as demandas que cada momento histórico, tipo de público, temática e outros fatores irão determinar.

Neste sentido, a tecnologia sempre fez parte do processo educacional, desde o uso do mimeógrafo ou retroprojetor, às técnicas atuais de comunicação e interação que denotam um espectro amplo de possibilidades de aplicação. Necessita, contudo, de adaptação nas instituições de ensino, formação dos professores e suporte aos alunos, para poder ter uma atuação de qualidade com uma realidade que, a cada dia, torna-se mais rápida e complexa.

Isso porque a educação, que é influenciada sócio-culturalmente, não poderia ficar alheia às inovações tecnológicas que adentram a vida das pessoas. Passa-se a perceber a interface essencial entre – tecnologia, comunicação e educação, havendo mudança na prática pedagógica e didática educacional. Na vanguarda contemporânea desta nova visão educacional, temos o avanço da educação à distância, comumente denominada de EAD.

A Educação à distância é uma modalidade educacional, na qual o aluno e o professor estarão separados fisicamente e terá, essencialmente, a interface da tecnologia computacional na sua prática, o que a distingue do ensino presencial.
 

As atividades podem ocorrer de maneira síncrona, quando professores e alunos, ainda que separados com relação ao espaço, estão conectados simultaneamente em tempo real. Ou poderão ser assíncronas quando professores e alunos estarão separados tanto no espaço quanto no tempo.

Com se percebe a EaD traz a novidade da separação espacial e temporal entre professores e alunos, o que possibilita a manipulação dos mesmos em favor da educação e de acordo com as necessidades do aluno, que poderá estudar quando e onde puder.

A modalidade de educação à distância pode ser utilizada de diversas formas, como em cursos de aperfeiçoamento, educação fundamental e básica. Mas, essencialmente, no Brasil ela tem sido usada na Educação Superior, em cursos de Graduação e na Pós-graduação, favorecendo o acesso para pessoas que tenham dificuldade de cursar uma formação presencial.

Contudo, para que a EaD pudesse ter o seu potencial de atuação ampliado, foi essencial o desenvolvimento de recursos e tecnologias interativas. Especialmente, o advento da WEB 2.0 que permitiu não só o acesso à informação, mas uma interatividade efetiva com os conteúdos, bem como entre os sujeitos, via internet.

O conceito de WEB 2.0 surge em 2004, com a expansão tecnológica, a utilidade, a acessibilidade, e o significado da internet para os usuários, a partir da popularização da banda larga e do desenvolvimento de linguagens e recursos mais interativos. Com a evolução dos recursos tecnológicos disponíveis foram desenvolvidos softwares que permitem uma ação ativa e dinâmica na relação homem-máquina. As trocas on-line passaram a ser em tempo real com rapidez e segurança, multiplicaram-se os recursos e aplicativos e o acesso atingiu as diversas classes sociais.

A partir de então, pôde-se utilizar todo o potencial didático pedagógico e semântico que a WEB 2.0 proporciona. Distâncias foram encurtadas, limitações foram resolvidas e foi possível estabelecer um mecanismo educacional, que vai para além dos aspectos de tempo e espaço. O que foi providencial para os cursos à distância, para os quais a interatividade, as trocas de informação e comunicação virtual são a base de sustentação do processo de formação e avaliação dos alunos.

Entretanto, para que a prática da EaD se torne comumente e eficaz, é necessário compreender as linguagens da mídia e adquirir conhecimento dos recursos tecnológicos da WEB, tanto por parte dos professores, como dos alunos. A amplitude de possibilidades de recursos a serem utilizadas, vão favorecer não só o trabalho do professor, mas o processo de aprendizagem do aluno, como também o compartilhamento de informação, já que os conteúdos podem ser acessados via internet e servir de fonte de pesquisa para outras pessoas.
 
É realmente uma forma inovadora de educação, para a qual os recursos são diversos, só é preciso que os educadores possam desenvolver estratégias de utilização que mobilize e motive os alunos, e que a utilização destes recursos propicia uma relação mais estreita entre os alunos, os profissionais de ensino e a instituição.

Creio que o uso do potencial da WEB 2.0 é fundamental, não só para a educação à distância como para a educação presencial. Hoje em dia com o advento das novas tecnologias é impossível que a educação não se utilize destes recursos didáticos tão úteis e dinâmicos. Entretanto, com certeza essa nova mentalidade educacional e modalidade de ensino trará muitos desafios para os professores, porque a cada dia a evolução é maior, que requer uma necessidade de aprendizado constante, de aperfeiçoamento contínuo. A pessoa tem que ter a ideia de que se parar não consegue dar conta, e o professor na era digital não vai ser aquele que apenas ensina todos os dias, mas aquele que aprende e reaprende a cada dia. Com carinho. Cássia.


 


  Mesmo reconhecendo todo o potencial
  interativo da era digital,
  não nego que sinto falta da proximidade relacional
  que só um encontro pessoal e aconchegante
  pode proporcionar.
  Cássia.





Referência no comentário 1:

domingo, 3 de novembro de 2013

Nova visão, novas oportunidades de interação

O texto indicado para fazer a resenha do blog (link ao final) me trouxe uma inquietação. Percebi que o meu vocabulário de “internetês” esta limitado ao extremo, em um só artigo pude me deparar com alguns neo-vocábulos: netiquette, netizen, cibercrítica, cibernegativa, cibercidadania, ciberligação, cibermundo, ciberliteracia ... ufa! Acho que basta! Não entendeu parte deles? Sigam o conselho que dei a uma colega de turma: “na era dos termos cibernéticos, pesquisa digital!”

Claro que para entender o que de novo a realidade digital tem trazido é preciso tempo e paciência, mas isso não é problema, se a cultura digital traz uma barreira ela mesma ajuda a transpor (Cássia, 2013). E isto me remete a análise sobre o texto, este trata de cidadania digital e me ajudou a ter uma visão alternativa sobre o espaço e a cultura virtual.

É interessante como se é afetado pela realidade cultural, pois é a partir dela que se cria significados, se constitui a subjetividade, se concretiza a cidadania. Neste sentido, já que não se vive mais na época da “caneta tinteiro”, é preciso compreender e tentar se conciliar com a nova era cultural que se afigura, afinal de contas como diz Machado de Assis:
            Imagem vivaz do gênio e do vulgo!
            Um fita o passado,
            com todas as suas lágrimas e saudades,
            o outro devassa o futuro com todas as suas auroras.
           (O alienista, 1996)

O que, então, é mais presente e ao mesmo tempo devassa tanto o futuro que não a realidade virtual? Em uma época de multireferencialidade é preciso também multiconceitos e possibilidades diversas para compreensão da realidade. O espaço digital tem a sua função neste aspecto, pois amplia os horizontes, a capacidade de conhecimento, favorece a acessibilidade a informação, a inteligibilidade da realidade.     

Também, o ser humano é em essência um ser social, necessita das relações para seu pleno desenvolvimento, e o espaço digital é onde mais estas relações tem se configurado. Estar fora deste espaço é vivenciar, também no mundo virtual, a exclusão tão presente na vida cotidiana. Isso em uma época de lutas sociais pela inclusão, pela vivência da plena da cidadania - com igualdade de direitos, liberdade de escolha e participação na vida social.

Com isso, em se tratando de era digital não é mais apenas momento para crítica, mas de síntese. O ciberespaço está ai, sendo operacionalizado, servindo de suporte para a sociabilidade, a interatividade, a descoberta, as trocas intersubjetivas. É claro que nem tudo o que é oferecido pode ser considerado positivo, é preciso saber depurar, estando atento ao que é mais útil, necessário e de qualidade. Bem como, torna-se premente buscar fazer deste lugar já conceituado um espaço melhor, para que estar interagindo através dele seja uma experiência valorativa.

Neste sentido, é que entra em jogo a importância da cibercidadania, fazendo emergir o aspecto ético e a civilidade no cibermundo. Cada um deve assumir a sua postura de netizen (ou cibercidadão) e tomar a sua parcela de responsabilidade pela introdução da nitequette (etiquete na internet), que venha a minimizar a possibilidade de deparar-se com aspectos cibernegativos. Para isso ocorrer é imprescindível uma análise que leve a uma cibercrítica, tornado o espaço virtual um lugar ciberdemocratizado e ciberliterácio (ou ciberinclusivo), que favoreça uma ciberligação de qualidade e enriquecedora. (Estou me cibersentido!!!!)

Então, esta cibercultura poderá nos trazer uma forma de ver o mundo como um espaço globalizado e que oportuniza uma igualdade ímpar, pois, sendo disponibilizado o aparato tecnológico, todos têm a mesma oportunidade de acesso a este ciberespaço, independente de raça, credo ou nação.

E neste sentido é que trago para a discussão a educação (afinal, como poderia não relacionar o que escrevo a ela), é preciso que se tenha consciência da importância da introdução da realidade digital na educação escolar, para que esta oportunidade de acessibilidade seja igualitária, pelo menos neste espaço que é por excelência de criação de oportunidades, de conhecimento e de inclusão. Bem como, tem um valor imprescindível no processo de inclusão educacional, permitindo ao aluno uma participação ativa e criativa através do uso de dispositivos tecnológicos, que pode colaborar para o desenvolvimento da autonomia, enriquecimento de habilidade e condição de interação.

Por hoje está de bom tamanho, afinal esta escrita foi uma descoberta, pelo menos para mim. Foram muitos novos vocábulos (e quantos!), mas também percebi que escrevendo e convidando as pessoas a refletirem sobre tantos temas, estou fazendo a minha parte de tornar a internet um lugar melhor para interagir (ou seja, exercendo a minha cibercidadania). Com carinho, Cássia.
 
 
As vezes reflito sobre a minha realidade
e fico feliz em perceber quantas habilidades a vida me
concedeu, para que eu possa ajudar a fazer do mundo
um lugar melhor.
Escrever no momento tem sido uma delas,
e é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. Cássia.


Referência nos comentários:

domingo, 27 de outubro de 2013

Educação e tecnologia: Ampliando horizontes, discutindo possibilidades

A reflexão da semana tem como base a tese de doutorado da professora Bonilla (Tópico – Tecnologias da informação e da comunicação), que diz respeito ao uso das novas tecnologias no ensino. Especificamente, os aspectos analisados são: a virtualidade, a hipertextualidade e a interatividade, utilizando as características de aplicabilidade destas linguagens tecnológicas, como analogia no processo de educação.

A partir da leitura do texto é possível desenvolver uma série de reflexões, sobre a relação das tecnologias com o processo educacional. E isso é de fundamental importância na nossa formação, pois a educação perpassa de alguma forma todo o desenvolvimento dos sujeitos e da conjuntura social de um país. É preciso estar antenado e compreender as tendências e possibilidades para uma atuação concreta e eficaz, e as novas tecnologias são um dos recursos de importância singular na atualidade. Mais uma vez vou ter a liberdade de problematizar a partir dos meus conhecimentos.

Ainda vivemos em uma realidade em que a racionalidade que impera, mesmo com todos os movimentos de transição paradigmática, está sob uma lógica cartesiana (eu mesma sou um exemplo disso, pois “se penso, logo digito”, já é um ato mecanizado, pela falta de tempo de elaborar uma escrita mais conspícua). Mas há movimentos no sentido de construir novos paradigmas educacionais. Complementando este pensamento, de acordo com Morin (2002), é imperativo afirmar que o conhecimento que está em renovação favorece uma nova forma de ver o real, sendo fator de uma revolução que possibilite abrir-se meta-horizontes, já que a mudança paradigmática atinge mesmo a visão de mundo.

Neste sentido, já é possível perceber um forte diferencial educacional nos seus pressupostos e prática. Há uma dinâmica de expansão e mudança da visão linear, que não admitia outras formas de recursos de ensino que não fossem os tradicionais – o livro, o caderno, a caneta etc. E esta visão de mundo da educação tem si alargado ainda mais em vista da aplicação dos dispositivos tecnológicos no processo de ensino/aprendizagem. Na atualidade a tecnologia já permeia o ensino, não apenas servindo de aparato para as necessidades administrativas da escola, mas tendo uma funcionalidade educacional, pela diversidade de recursos que pode propor para a leitura, a pesquisa, a escrita e mesmo a linguagem.

Entretanto, claro que não basta apenas um aparato que não tenha sentido ou funcionalidade para quem o utiliza, ou, muito menos, que venha tentar subjugar os métodos já tradicionalmente existentes e eficazes. É preciso que sejam recursos que se justapõe a todos os outros que fazem parte da dinâmica escolar. Com isso, não é importante apenas a compra de equipamentos, é preciso que a utilização dos mesmos conduza a um aprendizado rico em significado e aplicabilidade prática, e se reflita no campo educacional de maneira positiva.

Para isso é essencial que sejam feitos alguns questionamentos, como por exemplo: qual a realidade onde estas tecnologias serão implantadas? Qual o entendimento que se tem para uso das mesmas? De que forma isto vai ser importante no meio onde serão utilizadas? Qual o significado que os atores responsáveis pela sua utilização – educadores e educandos – dão a estes dispositivos?
 
Com certeza este são aspectos a serem problematizados, visto que na prática tanto já se fez, tanto já se investiu, mas seguindo um modelo que não surtiu efeito e, ainda assim, se insiste no erro de trazer algo pré-moldado, organizado nos altos palácios da educação, mas sem ter a participação dos mais interessados no processo. É primordial que se discuta, contextualize, informe e dê sentido ao uso destes dispositivos. É preciso que os conteúdos, os aplicativos, as tecnologias e outros aspectos didáticos, possam estar integrados a realidade do sujeito. Bem como, que seus saberes sejam valorizados e que o processo educacional seja uma relação de mão dupla, co-construindo um conhecimento.

Mas ao invés de se buscar esta contextualização, o que por vez se vislumbra é uma relação fragilizada entre o profissional e os recursos colocados em sala de aula, pelo pouco entendimento da importância dos mesmos ou pela falta de formação para uma utilização adequada no contexto da educação. Em contrapartida, ocorre uma relação limítrofe entre estes profissionais e os seus educandos – que fazem parte de uma geração hi-tech, e tem uma relação de muito mais proximidade com o uso das novas tecnologias em sala.

Em face disto é que entra em relação o texto analisado. É interessante como estas terminologias, que a primeira vista podem não despertar tanto interesse educacional, conseguiu fazer sentido para esta prática, introduzindo de maneira interessante a tecnologia no campo simbólico (espaço de geração de sentido). A virtualidade - que traz a perspectiva de existência, de estar presente ainda que não materialmente, isto propicia não estar preso a um espaço e pode se refletir na dinâmica educacional, abrindo vertentes para o uso da criatividade, da capacidade de articulação, da disponibilização do tempo. A hipertextualidade - reporta a ideia de expansão de limites e dimensões, a possibilidade de ter uma relação dialógica e participativa, e não apenas passiva, tanto no uso da tecnologia quanto na educação. A interatividade - ressalta essa capacidade de intervir, de se implicar, de estabelecer relações e interações que vão para além de um espaço e tempo determinado, ressaltando a amplitude de comunicação que isso possibilita. Enfim, o aprendizado, a informação, as nomenclaturas tornam-se contextualizada – intra e intersubjetivamente. Percebe-se todas as implicações, interações e possibilidades inerentes a aquisição de novos conhecimentos a partir da linguagem cibernética.

Como só se pode dar significado àquilo que se conhece, esta tese é um conteúdo fundamental para profissionais da educação que desejam conhecer sobre a importância das tecnologias nesta prática, para então reconhecer quais as melhores formas de aplicá-las de maneira factual. E este aprendizado rico em significado e aplicabilidade prática se reflita no campo educacional, e desta forma reverbere no aspecto social e político, trazendo novas perspectivas de bem-estar e satisfação com o ensino, aspectos fundamentais, mas que tanto vem sendo esquecido.
 
Creio que hoje o tema foi visto com mais parcimônia, mas haverá outras oportunidades para instigar discussões mais vultosas. O importante é que as questões educacionais estão sendo problematizadas. Com carinho, Cássia.

Coloco uma opção de pesquisa para complementar este conteúdo.
- O link para a tese da professora Dra. Maria Helena Bonilla.
Escola Aprendente: desafios e possibilidades postos no contexto da Sociedade do Conhecimento.


É impossível se sentir perdido
quando se descobre o sentido da própria existência.
E é gratificante constatar que a educação pode ser um dos vetores preponderantes, nesta descoberta tão singular. Cássia. 



Referência no comentário 1.