O post desta semana tem esse tema para discussão.
A Bahia é um celeiro cultural, há
ícones da literatura, da dança, do teatro e, em especial, da música. Dando
destaque a este campo musical, o filme (Filhos de João) vem apresentar o
histórico dos Novos Baianos, grupo musical que esteve em atividade de 1969 até
1979, composto por: Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca, Moraes Moreira, Tom
Zé, Luis Galvão, Dadi, Baxinho.
O filme mostra como as relações
de amizade e o grande talento musical associado, podem modificar a vida de um
grupo, que deu ascendência não apenas a transformação no mundo da música, mas
na cultura em geral, bem como na política. Um encontro que transforma as histórias
pessoais destes amigos, que trazia a música na mente, no coração e no
dia-a-dia, e que de tão presente vence as barreiras em busca de um ideal
utópico. Assim, esta geração não apenas encantava com a música de qualidade,
mas com uma postura contestadora, diante de uma realidade ditatorial vivenciada
na época (década de 1970).
Com certeza amavam os Beatles e
os Rolling Stones, e puderam com a sua música tanto protestar quanto aliviar as
tensões dos corações angustiados pelas pressões da falta de liberdade e
direitos da ditadura militar.
É interessante que estes
revolucionários culturais não apenas trabalhavam juntos, como grupo musical,
mas partilhavam uma vida comunitária, vivendo de maneira desprendida o ideal de
partilha e fraternidade, influenciados pela cultura hippie de liberdade, paz e
amor.
Tinham como hobby o jogo de
futebol, e até cogitaram deixar a música pelo esporte. Ainda bem que não o
fizeram, pois com a imensa criatividade e talento que apresentava (e
apresentam, já que muitos deles ainda estão atuantes na música), faria muita
falta ao cenário cultural artístico brasileiro.
A película é um documentário que
articula imagens, vídeos, músicas e depoimentos, muitos deles emocionados. E
apresenta com riqueza de detalhes esta trajetória que foi
significante e deixou uma marca, relembrada por gerações ao longo dos tempos.
Essa prática de fazer
documentários (ou filmes de baixo custo) é algo a ser incentivado e valorizado,
já que o cinema dissemina a cultura, ajuda as pessoas a reconhecerem sua
história, entender a sua constituição identitária.
No Brasil o cinema tem se desenvolvido
e ampliado, tendo um número significativo de salas, mas, como sempre, ainda não
é acessível às classes menos favorecidas. Bem como, boa parte do que é
apresentado vem do exterior, o que não ajuda na identificação e valorização da
cultura nacional. O cinema nacional tem tido mais e melhores produções, mas
ainda algo ínfimo em comparação a indústrias de cinema internacionais.
Na Argentina se comemora a
ampliação do acesso ao cinema, mas, no entanto, quase toda a arrecadação (cerca
de ¾ dela) vai para empresas norte-americanas, retificando também neste país o monopólio
internacional nesta área.
Na atualidade, o ideal da
indústria cinematográfica é a plenificação do uso de películas digitais. Isso
vai trazer mais qualidade na exibição, entretanto é um mais um problema, pela
dificuldade de adequação dos pequenos cinemas a nova tecnologia. Com isso, mais
uma vez firma-se no mercado os grandes conglomerados da sétima arte.
Por isso é tão importante ver
produções nacionais, que mesmo com as dificuldades de recursos financeiros, conseguem
dar um recado tão importante, regatando a história e a cultura musical, dando a
oportunidade à geração contemporânea digitalizada, reconhecer e compreender
como todo esse cenário nacional da música, constituiu a sua narrativa e ação ao
longo das últimas 4 décadas.
Neste sentido, muito
merecidamente o documentário Filhos de João ganhou o prêmio do Festival de
Cinema de Brasília (2009). Com carinho, Cássia.
Sempre que vemos um por do sol
não significa simplesmente que o dia acabou,
mas que um novo dia está iniciando,
com as suas infinitas possibilidades
de novas realizações. Cássia.
Dois links para pesquisa sobre expansão e digitalização dos cinemas.
http://culturadigital.br/cinemasemrede/2013/05/27/digitalizacao-das-salas-de-cinema-preocupa-argentina/.
http://culturadigital.br/cinemasemrede/2013/06/08/digitalizacao-ameaca-pequenos-cinemas-nos-eua/.
Oi Cássia. Bacana seu texto. Filhos de João, do diretor Henrique Dantas, é sim um belo filme. Assistir pela primeira na Mostra Lanterninha nas Comunidades. Esta mostra aconteceu em 2011, em 04 escolas publicas daqui de Salvador. Eu era da equipe de produção, mas na horinha de folga, assistir esse filme no auditório do colégio Lomanto Junior em Itapuã...engraçado que toda essa discussão sobre digitalização do cinema, conversão de película para digital sempre faz com que a gente pense nas pequenas salas, nos cineclubes e nas escolas como espaço possível de exibição de filmes. Me vem também a questão do cineasta e a disponibilização de sua obra, para aqueles que "não tem acesso". No caso de Henrique, ele era parceiro do projeto, nosso amigo, sócio de uma das coordenadoras da mostra...então, isso facilita...e no caso de outros cineastas? Qual o debate que a questão da digitalização pode suscitar por exemplo com relação a direitos autorais? Muito pano pra manga! Bjos e parabéns pelo texto!
ResponderExcluirObrigada, Daiane.
ExcluirBom ver que tanto em comum, o gosto pelo cinema, pelas ações simples e locais, mas que conseguem fazer a diferença, pela discussões que nos ajudar a tomar consciência da nossa realidade. Cássia.