domingo, 17 de novembro de 2013

Exposição e consumo, dois pilares da era digital

Depois de ter que ler tanto, pesquisar bastante, tenho me dado conta de quanta coisa ruim e desnecessária está sendo colocado no mercado internáutico. Ao ler o texto “O Show do eu” (referência nos comentários), fique feliz em perceber que não apenas eu penso assim. Neste texto a autora trata do despontar da exaltação do eu na mídia, que, mesmo revelando uma criatividade intrínseca, tem incentivado a excentricidade e revelado mediocridade.

Cada vezes mais as pessoas comuns estão expondo suas vidas, seus hábitos, seus desejos pela Internet. Blogs, chats, Twitter, FaceBook, MySpace ... etc., mil e uma possibilidades de sair do anonimato e experienciar os seus minutos de fama. Sem embargo, cada um tem o direito de escolha de como vivenciar a sua privacidade. Talvez estejamos na era da privacidade pública, o que seria uma publivacidade (Cássia, 2013).

Esta nova oportunidade de utilização dos meios midiáticos das redes digitais, tem demonstrado também a capacidade criativa e inovadora das pessoas, na construção de conhecimento em rede. Uma verdadeira inteligência coletiva. Tudo isso alicerçado pela expansão tecnológica e a capacidade virtual, hipertextual e, principalmente, interativa da WEB 2.0. Todavia, até isto, que poderia ser uma vertente positiva, tem sido transformado pelo capitalismo em mercadoria de consumo, em necessidade social, em espaços de massificação dos desejos.

De acordo com o texto “três novos blogs são abertos a cada dois segundos” (SIBILIA, 2008, p. 08) (Se assim o era em 2008!!! Pense isso em cifras atuais.), muitos deles expondo em escala global questões íntimas. Há também a apresentação de vídeos pessoais via You Tube ou uma colocação maciça de fotos no Face. Com esta expansão da utilização das redes sociais, o mercado percebeu uma nova vertente de lucro e passou a incentivar estas práticas, bem como, tornou estes espaços áreas de publicidade massificada, potencializando o lado consumidor que cada um apresenta com riqueza de detalhes em seus perfis.

É interessante como o mundo capitalista consegue consumir e tornar consumível tudo o que toca, criando sempre novas necessidades para alicerçar o lucro. Estes espaços midiáticos sociais tornaram-se, então, oportunidade para se oferecer de tudo: do sapato a vestimenta, do emprego ao casamento. Quanto mais ínfimo e dispensável o conteúdo, mais variada e abundante é a  oferta de marketing associada.

Reflito sobre essa geração de pensamento digital, blogueira e exposta nas redes, o que tem sido oferecido de qualidade, de conteúdo educativo e o que eles tem a oferece na mesma monta. É impossível ficar apenas entre os miguxos, vc, kkkk, tb, as fotos e os fatos sem nexo. É preciso algo mais nas redes sociais, aspectos educativos, políticos, sociais, coerentes com uma realidade que vai para além de uma imagem midiática.

É chegado o momento de lançar na rede uma profecia auto-realizadora, de que ela pode se tornar uma realidade pautada em um contexto virtual, mas que educa para uma realidade concreta, e assim se torne mais um instrumento que viabiliza uma nova forma de pensar o mundo. Um espaço de construção de conhecimento que pode ser aplicável, modificar a realidade, e não apenas uma possiblidade de gasto de tempo, exposição social e consumo irrefletido.

Creio que a educação terá uma parcela importante nesse processo. Isso por ver a educação não apenas como um momento limitado de ensino-aprendizagem, mas percebê-la como uma possibilidade impar de adquirir conhecimento, dar significado ao real e ser instrumento de transformação social. Com carinho, Cássia.


 
 
 
 
Mesmo em uma realidade que parece
não ter norteadores,
espero que não perca a certeza
de que as coisas podem
ser transformadas,
e o horizonte almejado pode ser alcançado.
Cássia.






Referência no comentário 1.
 

Um comentário:


  1. SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

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