Depois de ter que ler tanto, pesquisar bastante,
tenho me dado conta de quanta coisa ruim e desnecessária está sendo colocado no
mercado internáutico. Ao ler o texto “O Show do eu” (referência nos comentários), fique
feliz em perceber que não apenas eu penso assim. Neste texto a autora trata do despontar da exaltação
do eu na mídia, que, mesmo revelando uma criatividade intrínseca, tem incentivado a excentricidade e revelado mediocridade.
Cada vezes mais as pessoas comuns estão expondo suas
vidas, seus hábitos, seus desejos pela Internet. Blogs, chats, Twitter, FaceBook,
MySpace ... etc., mil e uma possibilidades de sair do anonimato e experienciar
os seus minutos de fama. Sem embargo, cada um tem o direito de escolha de como
vivenciar a sua privacidade. Talvez estejamos na era da privacidade pública, o que
seria uma publivacidade (Cássia, 2013).
Esta nova oportunidade de utilização dos meios midiáticos
das redes digitais, tem demonstrado também a capacidade criativa e inovadora
das pessoas, na construção de conhecimento em rede. Uma verdadeira inteligência
coletiva. Tudo isso alicerçado pela expansão tecnológica e a capacidade virtual,
hipertextual e, principalmente, interativa da WEB 2.0. Todavia, até isto, que
poderia ser uma vertente positiva, tem sido transformado pelo capitalismo em
mercadoria de consumo, em necessidade social, em espaços de massificação dos
desejos.
De acordo com o texto “três novos blogs são abertos
a cada dois segundos” (SIBILIA, 2008, p. 08) (Se assim o era em 2008!!! Pense
isso em cifras atuais.), muitos deles expondo em escala global questões íntimas.
Há também a apresentação de vídeos pessoais via You Tube ou uma colocação maciça
de fotos no Face. Com esta expansão da utilização das redes sociais, o mercado
percebeu uma nova vertente de lucro e passou a incentivar estas práticas, bem
como, tornou estes espaços áreas de publicidade massificada, potencializando o
lado consumidor que cada um apresenta com riqueza de detalhes em seus perfis.
É interessante como o mundo capitalista consegue
consumir e tornar consumível tudo o que toca, criando sempre novas necessidades
para alicerçar o lucro. Estes espaços midiáticos sociais tornaram-se, então,
oportunidade para se oferecer de tudo: do sapato a vestimenta, do emprego ao
casamento. Quanto mais ínfimo e dispensável o conteúdo, mais variada e abundante
é a oferta de marketing associada.
Reflito sobre essa geração de pensamento digital,
blogueira e exposta nas redes, o que tem sido oferecido de qualidade, de conteúdo
educativo e o que eles tem a oferece na mesma monta. É impossível ficar apenas
entre os miguxos, vc, kkkk, tb, as fotos e os fatos sem nexo. É preciso algo
mais nas redes sociais, aspectos educativos, políticos, sociais, coerentes com
uma realidade que vai para além de uma imagem midiática.
É chegado o momento de lançar na rede uma
profecia auto-realizadora, de que ela pode se tornar uma realidade pautada em
um contexto virtual, mas que educa para uma realidade concreta, e assim se torne
mais um instrumento que viabiliza uma nova forma de pensar o mundo. Um espaço
de construção de conhecimento que pode ser aplicável, modificar a realidade, e
não apenas uma possiblidade de gasto de tempo, exposição social e consumo irrefletido.
Creio que a educação terá uma parcela importante
nesse processo. Isso por ver a educação não apenas como um momento limitado de
ensino-aprendizagem, mas percebê-la como uma possibilidade impar de adquirir conhecimento,
dar significado ao real e ser instrumento de transformação social. Com carinho, Cássia.
Mesmo em uma realidade que parece
não ter norteadores,
espero que não perca a certeza de que as coisas podem
ser transformadas,
e o horizonte almejado pode ser alcançado.
Cássia.
Referência no comentário 1.
ResponderExcluirSIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.