domingo, 5 de janeiro de 2014

Do teclado ao ecrã: expressão do letramento digital

É inegável que as tecnologias modernas alteram a vida das pessoas, interferindo nas práticas sociais, inclusive nos seus hábitos de leitura e de escrita. Ao se efetivar na sociedade o uso dos novos recursos tecnológicos, foi se tornando eminente também novos aprendizados, dentre estes o letramento digital.

Letramento é visto como uma prática social. Diferente da alfabetização, que é algo formalmente constituído, o letramento tem o seu desenvolvimento a partir da relação do sujeito com o seu meio sócio-cultural. A capacidade de se discutir sobre as transformações provocadas pela cultura letrada (que domina a leitura e a escrita) em determinado contexto. Seria uma meta-análise!

O letramento é considerado um “conjunto de práticas sociais que usam a escrita, como sistema simbólico e como tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos” (SOARES, 2002, p. 02).

Com essa ambientação digital novos signos e tipos de práticas foram incorporadas, para transitar neste meio compreendendo e se fazendo compreender, é preciso entender como se expressa estes sistemas simbólicos no contexto da mediação computacional. O letramento digital perpassa pela abrangência de possibilidades entendimentos antes não vislumbradas.

Um exemplo para entender isso é analisar algo que envolve tanto a leitura quando a escrita - o texto  no contexto digital! O texto antes era limitado por fatores físicos, financeiros e de tempo, agora se expande para uma narrativa - integralizada, discursiva, compartilhada, que se estende não apenas no tamanho, mas para além do tempo e do espaço. Não é uma escrita que se dá da caneta esferográfica para o papel sulfite (isso já pensado analógico. Quanta tecnologia!!! Em tempos idos isto foi mais rústico ainda – da pena para o pergaminho, por exemplo). No âmbito digital isso se dá do teclado para a tela do computador. Uma agilidade sem sim, uma possiblidade de manipulação sem igual, um exercício de criatividade ímpar.

Então a análise muda. Evidencia-se que a prática de leitura e escrita faz parte do processo de interação humana. Mas como fica essa interação, que tem como recurso para esta prática a mediação digital, algo que ao tempo que traz tantas possibilidades é também tão efêmero? Sem dúvida pelo trabalho que dava escrever em papiro, havia a necessidade de preservar, mas no digital o backspace e o delete, em um texto selecionado, pode agir muito mais rápido, do que as mãos que detenham a mais extrema habilidade de digitação.

Como diz Bauman, mais uma vez analisado letramento digital, se percebe a presença do efêmero, do substituível, trazendo consigo todas as implicações pessoais e sociais que isso acarreta. Mas achei interessante discutir essa temática, através do texto de Soares, que ressalta que esse poder de transformação do cotidiano, incorporado pela cultura digital e que levou a necessidade de desenvolver novos conceitos de letramentos, não determina, mas condiciona os hábitos. Isso é interessante, pois o determinismo fechar as portas aos possíveis câmbios, mas o condicionamento pode ser alterado. Basta que novas possibilidades de transformação sejam vislumbradas no horizonte.

Com certeza, que o devir cada mais presente do novo tecnológico, teremos muitos outros novos conceitos a discutir em um futuro próximo. Com carinho, Cássia.

 


Não é simples viver em um mundo
tecnológico, em constante mudança.
Mas é gratificante saber que temos potencial para aprender, e criar recursos de adequação para lidar com estas transformações. Cássia.

 



Referência nos comentários.

Um comentário:

  1. SOARES, MAGDA. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v23n81/13935. Acesso em: 05 já. 2014.

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