domingo, 2 de fevereiro de 2014

Onde está a sua cabeça? E os seus dedinhos?

Esse título é para discutir o conteúdo de um livro formidável - refiro-me a Polegarzinha (referência abaixo). E que bom ter a oportunidade de uma leitura interessante, delicada e reflexiva nesta trajetória. Vale a pena saborear!

Entretanto, antes de começar a abordar sobre o texto, gostaria de fazer uma ressalva. Estava aguardando ansiosa (no sentido de anseio ou desejo, e não de ânsia ou mal estar/enjoo). Então seria literalmente anseiosa – esse será de fato o neologismo criado por mim, por ser mais adequado para o caso. Voltando! Como estava digitando, esperava desejosa por este momento, sabe por quê? Para mim Polegarzinha equivale a minha princesa Isabel, assinando a Lei Áurea, para que eu receba a minha alforria (em árabe al horria = a liberdade). Que alegria! “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre mim!”. Estamos, finalmente, chegando à conclusão desta árdua jornada semestral blogueira.

Não que fazer o blog tenha sido uma mortificação, claro que não chegou a tanto! Em verdade alguns foram bem interessantes e satisfatórios de serem feitos. Mas o que eu festejo é ter a liberdade de escolha, o livre arbítrio de cogitar – blogar ou não blogar, eis a questão, e assim ter o poder de decisão. Afinal, essa responsabilidade semanal nos deixa “gemendo e suando sob a vida fatigante” (HAMLET, III Ato). Também, que exagero! Tudo certo, que seja!

Bem, agora é hora de voltar ao foco, ou ao livro. Essa leitura prazerosa refere-se à afinidade da juventude com o uso das tecnologias digitais – digitando no celular com o polegar, e a relação desta nova geração com o mundo, o saber, a escola, o ensino.

O mundo sofreu significativas transformações, e a forma de ser e agir no mundo também. A geração contemporânea está alicerçada na cultura ressignificada por estas transformações, e a digital foi, sem dúvida, a mais instigante. Em meio a isso, o autor traz uma reflexão interessante sobre o papel do professor na transmissão do saber, em uma sociedade da tecnologia da informação, onde este saber está disponível em todo o lugar, presentificado, e pode ser acessado na Net, por exemplo, com apenas um click. O mundo do conhecimento está, literalmente, ao alcance das nossas mãos, basta clicar. É assim que funciona para @s polegarzinh@s.

Através de um celular “inteligente” (smart), o mundo se torna onipresente. Estudo, relações, diversão, comunicação etc., tudo pode ser feito, acessado, revelado, de maneira rápida e prática. E é nessa inteligência digital que se concentra os pensamentos, desejos, atitudes e atividades d@s polegarzinh@s. A cabeça está nas mãos e o poder de manipulação nos dedinhos. No caso, nos polegares.

É interessante essa analogia, pois é extremante característica dos seres humanos como espécie. Este é bípede, mamífero, mas que tem dois grandes diferenciais: um telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor (já assistiu o documentário “Ilha das Flores”, muito interessante e fala sobre isso, link abaixo). Realmente, a “cabeça” e o polegar é o que nos diferencia, isso caracteriza nossa espécie evoluída. Será? Será que somos mesmo evoluídos, desenvolvidos? Eis mais uma questão!

Enfim, nada como o uso do polegar opositor para esta nova geração, visto que as funções deste são – o movimento de pinça nos dedos e a capacidade de manipulação de precisão. E é sustentando os dispositivos com a surpreendente habilidade opositiva do polegar em relação aos outros dedos, e a manipulação precisa destes nas minúsculas teclinhas, que, eureca! Uma totalidade absoluta de conjeturas antes inacessível se descortina.
 

E como fica a figura e o papel do professor, antes tão magistral que para ouvi-lo e ter acesso ao saber que ele dominava, silenciava-se a vozes, os corpos paralisava-se, o tempo e o espaço era preenchido por este ser quase soberano. Agora, a mente - talvez o coração - e o corpo tem outro objeto de atenção, o tempo e espaço é caraterizado pela virtualidade, a informação pela acessibilidade. Cabe então a este profissional ressignificar a sua prática, tornando-a participativa, dinâmica e contextualizada com as transformações e demandas contemporâneas.

Este não deixou de ser necessário, mas tem agora uma posição diferenciada da que teve em séculos passados. É um ser-com no processo educativo = com as tecnologias digitais (em especial as mídias locativas) que estão presentes no contexto educacional; com esta geração que agora não é mais ouvinte, mas participante; com o saber que está em profusão; com a escola que se reinventa para interagir com as mudanças, que já se efetivaram no meio social.

Mas agora deixa eu colocar a cabeça debaixo do braço (de acordo com a história de São Denis, citada pelo autor. Conhece São Denis – Saint-Denis? Não?! Google em ação!!! Com o uso do polegar, mais 5’ de paciência se a banda for mesmo larga e pronto, logo estará especialista na história deste santo), e transportá-la para outro contexto, mas que é, ao mesmo tempo, muito semelhante.

Sim, esta foi outra grande surpresa para mim neste livrinho, estar em sintonia - por incrível que pareça! - com o tema do artigo final que estamos escrevendo (eu e uma colega de turma) para a matéria, sobre o uso das mídias locativas no contexto da educação. Que feliz coincidência! Tornou-se, assim, ainda mais significativo para mim. Vou então usar as minhas ricas habilidades cognitivas e táteis, proporcionadas pelo meu telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, para continuar a escrever e pensar sobre esse tema.

Continuaremos em sintonia, em digitações e em postagens. Com carinho, Cássia.
 

 O que nos caracterizava como mamíferos superiores era o telencéfalo desenvolvido (inteligência/cognição), e o polegar opositor (destreza/manipulação), agora que cães tem uma inteligência nas mãos (smartphone)



e gatos estão treinando a habilidade de destreza, realmente um próxima evolução nos espera? Canis Catus Sapiens! Cássia.

 

Link para o documentário “Ilha das Flores”- Jorge Furtado. http://www.youtube.com/watch?v=WO8d1vnDOwA.

 Referência no comentário 1.

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